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Elas também atiram: a ascensão das mulheres no tiro esportivo

28 MAR 2025

Durante muito tempo, o tiro esportivo foi associado quase exclusivamente ao universo masculino. A imagem do atirador concentrado, carregando seu equipamento e dominando a técnica, ainda hoje é predominante em muitas mentes. Mas isso está mudando — e mudando rápido.

Cada vez mais mulheres estão assumindo o protagonismo nas linhas de tiro, seja como competidoras, treinadoras, entusiastas ou líderes dentro de clubes e federações. A transformação é visível, concreta e inspiradora.

Com habilidade, disciplina e foco, as mulheres vêm quebrando barreiras históricas e mostrando que o tiro esportivo é, sim, um espaço para todos. O que antes era exceção, hoje é tendência. O que era resistência, agora se torna incentivo.

Um caminho marcado por luta e superação

A história das mulheres no tiro esportivo é feita de pequenos passos que geraram grandes impactos. Embora a modalidade tenha surgido dentro de um contexto militar e masculino, sua evolução como esporte permitiu que, com o tempo, as mulheres também encontrassem nesse ambiente uma forma de se expressar, competir e se superar.

Nos Jogos Olímpicos da era moderna, realizados em Atenas em 1896, o tiro já era uma das modalidades presentes. No entanto, as mulheres só foram autorizadas a competir 72 anos depois, em 1968, na Cidade do México — e ainda assim, em provas mistas, enfrentando os mesmos desafios dos homens.

O primeiro grande marco da igualdade veio em 1984, com a criação das primeiras categorias exclusivamente femininas, nos Jogos de Los Angeles. Antes disso, em 1976, uma mulher já havia feito história. Margaret Murdock, norte-americana, conquistou a primeira medalha olímpica feminina no tiro esportivo, competindo lado a lado com os homens. Seu feito foi emblemático e abriu um novo capítulo no esporte.

Hoje, as Olimpíadas já incluem provas femininas e mistas, mostrando que a equidade de gênero está, finalmente, sendo levada a sério.

A força feminina cresce nas pistas brasileiras

No Brasil, o crescimento da participação feminina no tiro esportivo é visível em números e em representatividade. Clubes, federações e ligas registram ano após ano um aumento significativo no número de praticantes. A LINADE (Liga Nacional dos Atiradores Desportivos) já conta com mais de cinco mil mulheres cadastradas, e eventos como a Copa Brasil e o Nacional de Tiro Desportivo reúnem centenas de atiradoras em suas etapas.

Esse avanço tem sido acompanhado por um movimento do próprio mercado, que passou a enxergar o público feminino como consumidor ativo e com demandas específicas. Marcas começaram a produzir armas e acessórios pensados para mulheres — mais leves, ergonômicos e adaptados a diferentes biotipos — o que só reforça o acesso e o desempenho nas competições.

Talento, técnica e vantagens naturais

Além da dedicação e do treinamento constante, muitas mulheres se destacam no tiro esportivo por características que se alinham naturalmente às exigências do esporte:

  • Equilíbrio emocional: em modalidades onde o controle mental é tão importante quanto a técnica, o domínio emocional costuma ser um dos grandes diferenciais das atiradoras.

  • Concentração e foco: manter a atenção no alvo, controlar a respiração e executar o disparo com precisão são ações que exigem foco absoluto — algo que muitas mulheres desenvolvem com excelência.

  • Postura e controle corporal: modalidades como carabina e pistola demandam estabilidade física e consciência postural. E nesse aspecto, as mulheres também se destacam.

Esses fatores ajudam a explicar o sucesso de nomes como Ana Luiza Ferrão, primeira brasileira a conquistar o ouro feminino no tiro esportivo em Jogos Pan-Americanos, e Rosane Ewald, representante do país em grandes competições internacionais.

Mais do que esporte: empoderamento e transformação pessoal

Para muitas mulheres, o tiro esportivo vai além da competição e se torna um instrumento de autoconhecimento, segurança e empoderamento. A prática desenvolve a disciplina, melhora a concentração e proporciona uma sensação de controle sobre corpo e mente. Em um mundo repleto de pressões externas, o tiro surge como uma atividade de fortalecimento pessoal.

Não à toa, cresce também o número de mulheres que procuram o esporte como atividade recreativa, como forma de lidar com o estresse, aumentar a autoestima e vencer barreiras internas. Nas linhas de tiro, elas descobrem mais do que um novo hobby — descobrem uma nova versão de si mesmas.

Obstáculos ainda existem — mas estão sendo superados

Apesar de todo esse avanço, o caminho das mulheres no tiro esportivo ainda não é livre de desafios. O preconceito, a subestimação e a resistência de alguns setores mais tradicionais persistem. Muitas vezes, é preciso provar duas vezes mais para ser reconhecida como competente — uma realidade infelizmente comum em diversas áreas.

Contudo, o cenário é promissor. Mais mulheres estão assumindo papéis de liderança em clubes e federações, tornando-se árbitras, instrutoras e referências técnicas. Essa representatividade cria um ambiente mais acolhedor para novas atiradoras e enfraquece as barreiras culturais que ainda existem.

Conclusão

A loja Seals Clube e Escola de Tiro, de São Paulo (SP), observa que a presença feminina no tiro esportivo é um reflexo da mudança de mentalidade que a sociedade vem construindo. De pioneiras olímpicas a atletas brasileiras que brilham nas competições atuais, as mulheres vêm mostrando que talento e técnica não têm gênero.

Elas não só encontraram espaço no esporte, como estão ajudando a reescrever a história dele. Com mais visibilidade, incentivo e respeito, o futuro do tiro esportivo será, sem dúvida, mais plural, diverso e igualitário. E esse é um caminho sem volta!

Para saber mais sobre mulheres no tiro esportivo, acesse:

https://www.linade.com.br/mulheres-no-tiro-esportivo-um-exemplo-de-superacao-e-determinacao/


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