VOLTAR

Jovens no tiro esportivo: o que a lei permite e como praticar com segurança

25 APR 2025

O tiro esportivo tem conquistado espaço no Brasil e atraído cada vez mais praticantes, inclusive entre o público jovem. A modalidade, que exige concentração, disciplina e controle emocional, também pode contribuir significativamente para o desenvolvimento pessoal e esportivo de adolescentes.

Diante disso, uma questão recorrente surge: menores de idade podem, de fato, praticar tiro esportivo dentro da legalidade? A resposta é sim, desde que sejam respeitadas as condições estabelecidas pela legislação brasileira.

Assim, este artigo da loja do Seals Clube e Escola de Tiro, de São Paulo (SP), apresenta de forma clara quais são essas regras, os principais benefícios da prática, além dos desafios enfrentados pelos jovens atletas e suas famílias.

O que prevê a legislação brasileira?

O exercício do tiro esportivo por jovens no Brasil é regulamentado pelo Decreto nº 11.615/2023 e pela Portaria nº 166 do Comando Logístico (COLOG). As permissões variam conforme a faixa etária:

  • Menores de 14 anos não podem praticar tiro esportivo, nem mesmo com armas de pressão.

  • A partir dos 14 anos, é liberada a prática de paintball e airsoft, sem exigência de Certificado de Registro (CR).

  • Entre 14 e 18 anos, é possível praticar com armas de fogo ou de pressão, mas somente com autorização judicial específica e presença do responsável legal.

  • Dos 18 aos 25 anos, o uso é permitido mediante CR, mas limitado às armas pertencentes a clubes de tiro.

  • Acima dos 25 anos, está liberado o uso de arma própria para treino e competição.

Exigências legais entre 14 e 18 anos

Os adolescentes entre 14 e 18 anos que desejam praticar o tiro esportivo devem atender a uma série de requisitos legais. São eles:

  • Autorização judicial individualizada, concedida após avaliação psicológica.

  • Acompanhamento obrigatório de um responsável legal em todas as sessões.

  • Treinos realizados exclusivamente em clubes de tiro legalizados junto à Polícia Federal.

  • Utilização restrita a armas do clube ou do responsável, sem porte pessoal.

Essas exigências têm o objetivo de garantir que a prática aconteça com máxima segurança e responsabilidade.

Tiro esportivo como prática formativa

O tiro esportivo é reconhecido tanto pela Lei Pelé quanto pela Lei Geral do Esporte como modalidade de base e de rendimento, o que justifica o estímulo à iniciação precoce. A formação técnica desde cedo é essencial para a descoberta de novos talentos.

Neste contexto, a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) tem demonstrado preocupação com as limitações legais impostas aos jovens, que podem comprometer o surgimento de futuros atletas olímpicos.

Quais os benefícios para os jovens?

Quando conduzido de forma adequada, o tiro esportivo oferece ganhos significativos para o desenvolvimento juvenil, como:

  • Aprimoramento da coordenação motora e da precisão.

  • Aumento da concentração e da capacidade de foco.

  • Desenvolvimento de disciplina e equilíbrio emocional.

  • Estímulo à socialização e ao espírito de equipe.

  • Base sólida para alto rendimento esportivo.

Essas qualidades transcendem o ambiente esportivo, refletindo positivamente na vida acadêmica e pessoal dos jovens.

Como escolher o clube ideal?

Para que a experiência seja segura e educativa, é fundamental que pais e responsáveis escolham bem onde o jovem irá treinar. O clube deve ser:

  • Credenciado nos órgãos competentes (PF e Exército)

  • Dotado de estrutura segura e profissionais capacitados

  • Comprometido com a ética, a segurança e a formação de jovens

A participação ativa da família é indispensável para acompanhar a evolução do atleta e reforçar a importância da responsabilidade envolvida.

Aspectos jurídicos adicionais

Embora a regra atual proíba a prática para menores de 14 anos, há possibilidade — embora rara — de recorrer ao Judiciário em casos excepcionais, amparando-se na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). No entanto, a jurisprudência dominante restringe essa prática.

Esse ponto tem gerado discussões entre juristas e esportistas, que veem um descompasso entre a legislação e a realidade de outras modalidades olímpicas, nas quais a iniciação precoce é um fator decisivo para o sucesso.

Conclusão

O tiro esportivo pode ser uma excelente ferramenta de formação para jovens, desde que praticado dentro dos limites legais e com o suporte adequado. A legislação atual protege, mas também impõe barreiras à construção de uma base sólida para o futuro da modalidade.

Com estrutura apropriada, apoio familiar e orientação técnica, é possível oferecer aos adolescentes uma vivência esportiva rica, responsável e transformadora.

Para saber mais sobre menores de idade no tiro esportivo, acesse: 

https://www.cbte.org.br/90861-2/#:~:text=32%2C%20inciso%20II%2C%20estabelece%20que,de%20quatorze%20anos%20de%20idade%E2%80%9D

https://www.camara.leg.br/noticias/1044003-projeto-impoe-novas-regras-para-menores-de-18-anos-praticarem-tiro-desportivo/


TAGS:


CATEGORIAS